"Estar em toda a parte onde houver bem a fazer e sofrimento a aliviar",
é o lema da Congregação das Irmãs de São José de Cluny.
Este blog pretende ser um espaço privilegiado de comunicação entre os Associados da Congregação.

domingo, 12 de fevereiro de 2012



Maná, 23 de Janeiro de 2012

A Santa Vontade de Deus


                         
Queridos Associados da Congregação


E com muita alegria que vos escrevo de Maná onde me encontro há 2 meses! O clima é equatorial e temos uma média de temperatura à volta dos 30° C. A humidade é de 90%. Há muito vento. A população é muito diversificada. Além dos "mananais" há os índios galibi e outras 2 outras tribos (aqui são chamados os "ameridiens"), há muitos chineses, haitianos, os hmongs que vieram do Laos os do Surinam que foram acolhidos aqui. A Guiana é muito cultural. Os chineses mantém o comércio, os hmongs as culturas. Como sabem muitos são descendentes de escravos que a Madre Javouhey preparou para serem libertos, ou descendentes dos "bagnards" os degredados.
Aqui, como já varias pessoas me disseram, tudo é JAVOUHEY. Em frente da Igreja construída sob a sua orientação está o seu busto. Nos arredores de Mana, há uma aldeia que se chama “cité Javouhey”. A 30 km há uma cidade JAVOUHEY que foi fundada quando chegaram os hmongs e que foi no dia 15 de Julho (isto no sec. XX).
Estarei muito unida a todos os Associados e quero dizer-lhes que nesse dia em que estão reunidos, um grupo de 12 Associados da Martinica, chegam a Maná para participarem numa peregrinação a ACAROUANI, que terá lugar no domingo dia mundial dos leprosos. Foi na Acarouani que a Madre Javouhey fundou uma leprosaria e as Irmãs se dedicaram com muita coragem e abnegação ao serviço desses doentes que eram rejeitados por toda a gente; Actualmente já não há leprosaria mas em memória do que foi feito e do muito sofrimento lá vivido, todos os anos há uma peregrinação presidida pelo Bispo da Diocese. Acarouani fica a 40 km de Maná. A viagem até lá é de carro. No tempo da Madre Javouhey era em piroga, do rio Maná até ao rio Acarouani, afluente do Maná.
Não vos quero massacrar com a história e geografia de Maná, mas penso que gostarão de saber disto, e que irei participar na peregrinação. A Missa será às 11h; Haverá uma procissão e adoração ao Santíssimo Sacramento.
A todos desejo um ano de 2012 para vós e vossas famílias. Unida pela oração e implorando as melhores graças e bênçãos de Deus por intercessão de A. M. Javouhey, com carinho e amizade,

                                        Ir. Isabel Clode

terça-feira, 27 de dezembro de 2011

BOAS FESTAS


Natal 2011
Abraçar com alegria o Jesus Menino que vem...


Na contemplação da ternura do Presépio…
No Acolhimento do Amor gratuito, inteiramente oferecido…
No abraço a Jesus, que vem ao nosso encontro para nos encher da Sua Alegria e levantar a nossa Esperança…
Desejo a toda a Família Cluny, Associados, colaboradores e amigos, umas Alegres e Santas Festas Natalícias, e um Novo Ano de 2012 cheio das maiores bênçãos do Senhor.
 Em nome das Irmãs da Província,
                                            Ir. Mª Ludovina Lemos

domingo, 6 de novembro de 2011

 Foram iniciadas as diligências necessárias
 tendo em vista a canonização da nossa Madre
 fundadora, a Bem-Aventurada Ana Maria Javouhey.
 É um momento de grande alegria e júbilo para
 todos os associados mas é também um tempo
 para nos unirmos em oração de um modo
 particularmente forte.

A nossa oração é necessária e muito importante.

Aqui disponibilizamos a carta que a nossa Superiora Provincial dirigiu a todos os associados:


Queridos Associados e Juventude Cluny

Acabo de receber uma alegre notícia através da carta enviada pela nossa Superiora Geral, Soeur Morag Collins, dirigida a todas as Irmãs da Congregação, da qual transcrevo alguns parágrafos para vos associardes a nós, como membros da família Cluny.

“Casa Mãe, 7 de Outubro de 2011 – Festa de Nossa Senhora do Rosário

Ficareis felizes por saber que iniciámos já as diligências necessárias para pedir a Roma a canonização da nossa Bem-aventurada Madre. Esperamos que a cura de uma das nossas Irmãs indianas, que estava em missão nas Filipinas, possa ser reconhecida como milagrosa. Para apoiar o nosso pedido, temos que organizar um dossier, o mais completo possível, do qual um dos elementos é a opinião de pessoas – eclesiásticos ou não – que tenham grande estima pela Madre Javouhey e desejam a sua canonização.

1º Venho, portanto, perguntar-vos se, nas vossas relações, conheceis alguém com estas características. No caso afirmativo, por favor pedi o seu testemunho logo que possais e enviai-mo com o seu nome completo (nome próprio e de família) e, se possível, o endereço (postal ou electrónico) e o número de telefone.
O mais importante, sem dúvida, é mostrar a actualidade do carisma de Ana Maria Javouhey e como as suas intuições e realizações correspondem às necessidades de nossos contemporâneos. A heroicidade das suas virtudes já foi reconhecida para a beatificação.

2º Convido-vos, com toda a alma, a unirdes-vos às nossas diligências, mediante uma vida de oração mais intensa… 
… A canonização de Ana Maria será um dom gratuito de Deus à Igreja, à Congregação e ao nosso mundo mas, pela oração humilde, confiante e perseverante, podemos tocar o coração de Deus como a mulher cananeia.
Informar-vos-emos do progresso dos nossos esforços, com toda a simplicidade
Afectuosamente, 
Sr. Morag Collins – Superiora Geral”

Estou certa que do vosso coração brotará um hino de louvor ao nosso Deus, e muitos de vós desejarão partilhar o seu testemunho… Agradeço-vos desde já.
É hora de intensificarmos a nossa comunhão orante, para bem da Igreja, da Congregação e honra e glória da Santíssima Trindade.
É nesta comunhão que a todos (as) abraço com Amizade.

Fátima, 11.10.2011

                                                                   Ir. Mª Ludovina Lemos



sábado, 21 de maio de 2011

Chegou o contentor à Missão de Farim.

O contentor enviado pelos associados para a Guiné Bissau chegou finalmente à Missão de Farim. A partir de agora as irmãs vão começar a distribuição às populações, de todas as coisas enviadas.
O material escolar, os livros e os catecismos, serão distribuídos pela Escola do Coboroto e pela futura Escola de Farim.
Esta etapa está concluída com a graça de Deus Nosso Senhor que nunca nos abandonou, principalmente naqueles momentos mais difíceis em que o cansaço (e a dúvida de alguns) nos pareciam derrotar.
Agora é tempo de descansar (pouco tempo) e ganhar forças para nova etapa.

Que tal juntarmos algum dinheiro para colocar uma bomba no poço da aldeia do Coboroto para as crianças e a população em geral, terem acesso a uma água em melhores condições?
Fica o desafio.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Chegada do Contentor à Guiné -Bissau


Após uma viagem longa de cerca de 25 dias, chegou ou porto da Guiné-Bissau o Contentor que partiu de Lisboa no dia 
10 de Abril!...

Agradecemos a todos os que nos ajudaram a que este projecto se realizasse de modo a podermos fazer chegar uma pequena ajuda àquele povo tão carenciado!


"A verdadeira solidariedade começa onde não se espera nada em troca."
                                         ( Antoine De Saint Exupery )

Em breve publicaremos fotos e mais novidades da recepção do contentor!....


terça-feira, 3 de maio de 2011

Caminho da Abolição da Escravatura.


 Paris, 8 de Abril de 2011
  
                      
A Santa Vontade de Deus 
 Dentro de algumas semanas, Chamblanc, Seurre, Jallanges receberão as honras de Caminho da Abolição da Escravatura. Eis como Sua Exª o Senhor Michel BOURDOT, Presidente da Associação “Sobre o caminho das Liberdades - de Chamblanc a Maná”, nos anunciou esta celebração:



No número 321 do Correio de Nossa Senhora da Visitação, datado de 1 de Maio de 2010, nós evocámos esta etapa de reconhecimento…Assim, para estes três dias de memória, verdadeiro momento histórico, convido-vos a enviarem mensagens(*) de simpatia, de ânimo e de Esperança.                                                                                                


                                                 Sœur Morag COLLINS  Supérieure Générale

(*) As mensagens devem ser directamente enviadas a: 
                                                                                   
Soeur Agnès Thévenin: agnes.thevenin@wanadoo.fr que coordena, desde há muitos meses, este momento especial.
Endereço postal: Les Grésilles -  23 rue Laplace -  21000 DIJON  (France)

terça-feira, 12 de abril de 2011

Partilha da experiência Missionária duma Associada em Formação - Grupo de Alcobaça

Omwenho Ukola: ‘A Vida é Sagrada’

Estou de volta de Huambo, após aproximadamente um mês de voluntariado. É difícil descrever as emoções que senti… Angola é também a minha terra natal. Foi possível a realização de dois sonhos antigos: ser voluntária em África e conhecer o Lobito, onde nasci.



Nos dias de hoje, em que o respeito pela vida humana é, por vezes, banalizado e muitas vidas são anuladas mesmo antes de nascer, o nome do Centro de Acolhimento de Meninas Omwenho Ukola (OU), que significa, em umbundo, a língua local, ‘a vida é sagrada’, faz todo o sentido. Situa-se em Huambo, a segunda cidade de Angola, e é uma instituição social católica vocacionada para acolher meninas órfãs e desamparadas (vítimas da guerra, sida e outros flagelos humanos), dos 3 aos 17 anos de idade. Tem como principal objectivo, proporcionar-lhes uma formação integral e digna desde tenra idade, como futuras mulheres, mães e esposas.

A direcção desta obra está a cargo da congregação das Irmãs Missionárias do Imaculado Coração de Maria – Filhas de África. É relativamente recente, tendo sido fundada em 1979 pela Madre Raquel Celeste (1943-98), natural de Huíla, Angola. As religiosas desta comunidade são 6, com formação diversa, entre as quais se encontra uma médica e uma educadora de infância.

As Irmãs do Centro OU trabalham fora para garantirem com o seu salário a manutenção da comunidade. Os pequenos negócios como a venda de gelo, gelados, bolos e arrendamento de algumas divisões da casa são também uma fonte de receita. Estão também receptivas a donativos.

A laboração do Centro OU conta ainda com algum pessoal de apoio, cerca de 8 trabalhadores (1 motorista, 2 lavadeiras, 2 costureiras, 1 cozinheira, 1 arrumadeira, 2 guardas nocturnos), e ainda, explicadores para as meninas que apresentam dificuldades escolares. Como me referiu a directora do Centro OU, a Irmã Ana Maria Francisco, a colaboração de um psicoterapeuta constitui uma necessidade na formação das crianças, o que até agora, ainda não foi possível.

Para além da formação escolar e religiosa as meninas mais velhas têm acesso a cursos técnicos de informática, arte e decoração, pastelaria, bordados, costura e música. Alguns cursos, como informática e costura, que decorrem nas instalações da instituição, estão abertos ao público e funcionam também como uma forma de financiamento.

Embora com dificuldades, a instituição tem vindo a melhorar significativamente as suas instalações, tendo contando com a preciosa ajuda dum fundo de cooperação italiano em 2003. Actualmente, encontra-se em projecto, como me confidenciou a Irmã Ana Maria Francisco, a área da lavandaria, alpendre e recuperação da capela.

Cheguei ao Huambo à noite vinda de Luanda (cerca de 600kms), após uma viagem de autocarro de 10h sem estações de serviço. Por aqueles dias não havia voos domésticos. A viagem foi dura mas pude assim ter contacto com a realidade do povo angolano. Durante o percurso vendem-se todo o tipo de artigos (comida, roupas, óculos…) dentro do autocarro. As pessoas, habituadas a sobreviver, são muito práticas e hospitaleiras. Os curiosos olhares iniciais, por ser a única branca, rapidamente se tornaram acolhedores. Alguns passageiros funcionaram como meus guias durante a viagem. Como dizia a Irmã Ana Maria Javouhey: ‘Quando Deus chama, dá-nos força’. A Irmã Fátima Medeiros tinha-me dado um crucifixo benzido por João Paulo II que não larguei e, por certo, muito me valeu.

Como africanas que são, as meninas do Centro são muito festivas, as danças e as canções são ritmos que parecem genéticos. Receberam-me com um lindo cântico de boas vindas. As vozes delas são encantadoras e ainda hoje soam aos meus ouvidos. Neste dia, tive ainda o privilégio de saborear um belo jantar. O pudim de pão da Irmã Teresa é delicioso! Esta foi a primeira refeição a ser preparada no fogão industrial oferecido pela APARF – Associação Portuguesa Amigos de Raoul Follereau. Veio dar muito jeito numa casa com perto de 50 pessoas. Por outro lado, a formação em cozinha das meninas melhorada. Antes, para além de cozinharem a lenha, tinham um pequeno fogão. Quando me deitei neste dia pensei: por tudo isto já valeu a pena ter vindo!

Mas muito mais estava para vir…

O meu trabalho nesta comunidade passou essencialmente por acompanhar as mais pequenitas em ‘explicações’ de português, como elas próprias diziam. Sendo farmacêutica de formação, fui também incumbida de arrumar a farmácia, e ainda, dei uma ajuda na organização da biblioteca.

São 36 crianças, divididas por grupos de seis, de modo que, em cada um exista uma menina mais velha, a ‘mãe’ que se responsabiliza pelas mais novas do grupo. As meninas sendo carentes são muito carinhosas e curiosas. Tocavam-me na pele e cabelo por ser diferente. As trancinhas não se seguravam e escorregavam… Chamaram-me de mana Marta, a branquinha. As minhas meninas, como lhes chamo, são uns amores!

Sendo uma cidade universitária, as pessoas de Huambo são muito acolhedoras. Por vezes encontravam-me na rua e cumprimentavam-me pelo nome, pois já nos tínhamos conhecido na missa da paróquia da Sé. As missas são muito participadas, todas as paróquias têm três missas ao domingo (de aproximadamente 1,30h): uma para os adultos, outra para os jovens e uma terceira para as crianças. Os coros são muito animados e cheios de ritmo, de vida.

A circulação automóvel em Huambo faz-se bem, as estradas principais estão alcatroadas, mas ainda faltam a maioria dos passeios para peões. A par das novas construções, emerge a reconstrução de estruturas já existentes e degradadas, outras inacabadas, sendo muitas da era colonial. Muitas pessoas ainda habitam em bairros sem condições sanitárias. Uma rede eléctrica estável, o fornecimento de água potável canalizada a todos e a construção duma rede de esgotos constitui uma prioridade nesta cidade, que em tempos se chamou Nova Lisboa.

O Colégio das Irmãs de São José de Cluny em Huambo, que visitei, constitui, ainda hoje, uma prova do que foram os tempos de guerra e pós guerra para aquelas pessoas. Conheci as Irmãs Antónia e Maria, a quem agradeço a sua pronta recepção. As instalações são enormes, têm em funcionamento o infantário e até ao 6º ano, têm cerca de 950 alunos, dos quais 40 são internos. O liceu, já devolvido pelo estado, ainda não está a funcionar sob a sua orientação das Irmãs. Este encontra-se em muito mau estado e precisa de obras.

Pude ainda ver o amor de Deus noutras pequenas coisas: o carinho e a disponibilidade das Irmãs Filhas de África e das outras pessoas do centro; os sorrisos e os abraços das crianças; lavar a roupa e loiça à mão com sabão; ir buscar água ao poço ou à manivela; o banho de alguidar; as histórias contadas; os desenhos e as brincadeiras das meninas; a partilha e entreajuda delas; os choros, as birras e as pequenas brigas; rezar o terço na capela; preparar as refeições e trocar receitas; cozer o pão; o passeio nocturno de que elas tanto gostaram; os curativos das suas feridas; a alegre e ruidosa fila que faziam para receberem as vitaminas; a pequenita que chorava sempre que me via por eu ser branca…

Recordo ainda os amigos que fiz; as compras no mercado da Alemanha; o colorido dos mercados; a cozinha da paróquia de Canha; a moela de galinha que me era sempre destinada por eu ser a visita; a esplêndida vista da Senhora do Monte em Caala; o almoço que me deram as Irmãs de São Carlos Luanga de Kuito; o passeio às Águas Frias em Alto Hama; a barragem do Cuando; as mupas do rio Cuiva; o Lobito e o BI angolano; o calor de Luanda; o cheiro da minha terra…

A despedida, embora mais triste, foi igualmente festejada e cantada, desta vez pela solidão na ausência da mana Marta… Agora tenho muitas saudades. Um dia destes espero voltar para ver as minhas meninas! Sinto-me feliz por mim e por elas, saímos todas enriquecidas… Como se diz por lá, a quem muito se quer: Estamos Juntas!

Mana Marta.

 (Marta Faustino, Alcobaça)